sábado, 18 de fevereiro de 2006

Ainda resisto um pouco
à idéia de soltar-te
porque voltei a viver
pela ilusão de te amar


queria pôr-te de lado
e apenas lembrar-te
ao encontrar um poema
no fundo de uma gaveta


fico pensando se resistirá a amizade
que é só o que podes me oferecer
esse sentimento distante, constrangido
que não sabe dizer não, nem sim...

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

quero chorar, chorar
até escorrer pelo ralo
e sumir

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Se eu me deixasse ficar um pouquinho mais
Seria tarde para voltar
Já não poderia viver sem teu olhar
E tua presença não me abandonaria jamais

Mais um minuto e estaria para sempre cativa
dependente do teu abraço
aprisionada por teus beijos
e abandonadamente obstinada em te dar prazer

Bastaria que proferisses duas palavras
Pra me prender eternamente
na tua teia de cetim e pétalas
condenar-me ao teu abraço, quente, acolhedor

Mais um instante e tu já não temerias mais nada
não te importaria o redor
somente te lembraria me amar
E, na sua hora, anunciar-se-ia o amanhã, por nós.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006


Vou quebrando
e juntando
os cacos
pelo caminho

Fragmentos
colados
coloridos
revividos
empoeirados
são o que sou

Cada pedaço de mim
é como navalha afiada
viver é morrer todo o dia
sobreviver aos cortes
ser feliz é amar
o mosaico que me compõe

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

máscaras

Em casa
se esconde
sob máscaras
a paixão
que um dia
aconteceu

mas as máscaras
já não podem
ser arrancadas
fazem parte
de um contexto
em que o ardor
esqueceu de existir.
Foi-se a paixão? resiste o amor
E agora, o que fazer
pra completar o que falta
e inspirar o poema
que fere por não brotar?

As palavras já não saltam
ficam pairando no ar
tocam meus lábios de leve,
já sem o soluçar.

Já nada arranha a garganta
já não urge tocar-te - será?-
Agora só o que quero
é te ver feliz!
Em todos os lugares eu te busco
Já não dá pra disfarçar
Freneticamente,
te espero passar

Mas nossos destinos
já não se cruzam
tu escolheste
outro caminho

E meu amor ficou ali,
jogado no chão
pra ser pisoteado
pela tua indiferença

que tu disfarças
quando me falas
e, depois...foges
pra longe de mim.
Meu colo está sempre a tua espera,
mesmo que nunca mais
nos encontremos
E meus olhos,
vivem buscando os teus
até que a luz se perca na noite

quero ler-te, saber-te são
corpo e alma alimentados
mas sinto, pressinto, intuo
o vazio, uma desilusão
que eu não posso curar
(que não me cabe curar)

domingo, 5 de fevereiro de 2006

desamar-te

Queria desamar-te de repente
Assim como de repente te amei
As poucas recordações que tenho
Viriam de vez em quando
Num texto elegante, indiferente

Já não me acompanhariam
sem sossego, a todo o lugar,
as lembranças de ti, querido,
eu poderia viver novamente
encontrar quem pudesse me amar.

Mas não consigo...te amo tanto
E por meu amor nada te pedir
Só cresce esse meu sentimento
Em meio a todo o teu desapreço
No silêncio que vem me consumir.

Recomeço

Recomeço

Naquele dia, acordei reversa
Já o vazio não era tão grande
E percebi que retomava
Minha própria dimensão
Reflexão

A vida invocava seu curso
Recomeçar é preciso
Por mim e mais ninguém
Chegara a hora de ir
Além

A face maldita, quem sabe
limitar-se-ia a algum poema
De rosas negras e morcegos
Ou sobre um dia nublado
Adormecido

Descrença


Em teus olhos vi a esperança
e a tristeza de não se realizar
Tua voz é de descrença
de quem acreditou um dia poder acreditar.

E, então sigo na roda da vida
já sem saber o que falar...
Eu que sempre soube todas as palavras
Calo diante do teu olhar.